" O GUERREIRO EM NÓS "

Em meu ultimo artigo, abordei aspectos referentes a causas da sensibilidade feminina, e da insensibilidade masculina. Gostaria aqui de focar em mais um ponto, ou na verdade me aprofundar nele.
Séculos de história moldaram na sociedade um comportamento contraditório, enraigado profundamente a ponto de ter quase uma garantia de perpetuação de um ciclo vicioso.
Num mundo em sua quase totalidade regido por sociedades patriarcais e machistas, é dito desde cedo ao menino que homem não chora, não se curva, não volta atrás, não se submete jamais a um capricho feminino. Dele, espera-se e cobra-se uma postura soberba, uma imagem máscula e dominadora. Aqui, me permito retornar a um ponto do referido ultimo artigo que fiz. A guerra, que foi por milênios a palavra de ordem, exigia atitudes enérgicas, acima de qualquer sentimentalismo, decisões puramente racionais, frias, tendo em vista que(mesmo que nem sempre fosse verdade), na guerra imperava a premissa de que não matar implicava em morte certa, em extermínio. Assim sendo, temos que o subconsciente humano, ainda se encontra hoje configurado em "cão de guerra"- frio, irracional, apto a estraçalhar ao menor sinal do adestrador!
Ao homem é dado que viva a plenitude dos sentimentos por um curto período de tempo: do começo do namoro, até o fim da lua de mel!
Qualquer que vá alem disto, é tido como poeta ou sonhador; e só a estes é concedido "licença" para ta,rsrsrs. O que se vê portanto, é que sufocam seu lado emotivo, se escondem atrás de um tom de voz grave, numa negação de sua fragilidade, como se ela fosse uma doença contagiosa pela qual seriam eles expulsos da sociedade tal como os leprosos na antiguidade.
Até ai tudo bem, o problema é que, por não "viver" este seu lado, nem por isto ele é apagado de sua psiquê, fica latente, arquivado numa das muitas "gavetas" do subconsciente; e portanto o individuo não se acostuma a lidar com ele, numa imaturidade emocional que permanece encoberta, dissimulada, de forma que quando tal vem a tona, aflora em um turbilhão de emoções incontroláveis, estranhas ao mesmo, resultando em atitudes extremas, impensadas, logo por demais perigosas!
Aqui chegamos ao ponto principal, onde ligamos causa e efeito. Temos pois que, o homem geralmente não sabe lidar com o sentimento da perda. Já na antiguidade usava-se a mais suja das táticas, a da terra arrasada: tudo que não podia ser roubado e pilhado, era incendiado; ou seja, se não posso ter, não deixarei à outro!
O mesmo desamor, a mesma incapacidade de demonstrar piedade, de perdoar...enfim, a mesma fala, primitiva e cruel !
Fique contudo bem claro, isto explica, sem jamais justificar, que firam, agridam, difamem e matem, dando um suposto "descontrole" como razão.
Agem por reflexo condicionado ! Seu subconsciente foi pré condicionado a assim reagir frente tais momentos. Estes monstros que brotam de seu "eu" são fruto de sua própria criação. São a resposta ao mundo que eles optam por forjar em seus corações. Se, e digo "se" são vitimas, o são de si mesmos. Se fazemos co-autores de um jeito de pensar errado, danoso. São avisados, recusam mudar.
A cada dia, os números de mortes ditas passionais saltam exponencialmente, a a idade das vitimas assustam ainda mais. Mulheres cada vez mais jovens. E também os agressores. Jovens e adolescentes que não sabem assimilar o sentimento da perda, que não conseguem ouvir um não!
Em todos os tempos, as mulheres foram as maiores vitimas da guerra. Aos homens era dado ao menos a chance de se defender, a elas nem isto. Eram estupradas , trucidadas, mortas. Se sobreviviam, ficavam viúvas, desfilhadas, órfãs, ou viravam escravas.
Tudo continua igual!
Por falta de inimigos próximos com quem contender, fazem dela seu alvo. Ela hoje é espólio, ou pilhagem. Mero objeto adquirido.
Aqui uma analogia me ocorre. Inventaram uma bomba, a Dayse cluster, apelidada de "cortadora de margaridas". Assim pareço tolo, pois vendo as mulheres como flores, ainda sonho que nós homens ainda haveremos de nos tornar uma raça de jardineiros !

Kiko dos Santos
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A MATERNIDADE E A GUERRA


A MATERNIDADE E A GUERRA

Desde os primórdios, homens e mulheres diferem em alguns aspectos. Longe de ser um expert em comportamento humano, e nem em antropologia, gostaria de traçar aqui uma pequena linha de pensamento acerca de um aspecto da psicologia humana. A sensibilidade.

Diria em principio que as mulheres sejam mais sensíveis, dotadas de uma capacidade emotiva maior, o que é uma verdade. Contudo fica aqui uma indagação: e quando desejamos conquistar uma mulher, acaso não expomos de nós uma face carinhosa, afetuosa, delicada para com ela? Acaso todo nosso gestual e nosso falar não se encobrem de uma doçura impar? A musculosa e grosseira mão masculina não se mostra capaz do mais delicado toque ao acariciar uma face de mulher?

Então haja vista, temos que reconhecer que podemos ser tanto ou mais delicados e afetuosos que uma mulher! Até porque o cortejar se faz principalmente por iniciativa masculina. A reciproca é verdadeira, ok, cabe a ela retribuir (ou não!), mas a ele o primeiro ato.

Então, onde e porque, ora bolas o homem esconde todo aqueles traços emotivos que permeiam sua alma? Ai entra uma habilidade adquirida nos corredores da necessidade por séculos. A arte da dissimulação, do blefe. Neste ponto se explicam os dois elementos que moldaram a psique feminina e a masculina, a saber, a maternidade e a guerra..

A primeira deu à mulher a vantagem evolutiva da afetividade, de maturação emocional. Ela provou a fundo todas as emoções humanas possíveis e isto a ensinou a amar, confiar, mas também a ser seletiva. Desta forma ela pode viver a plenitude dos sentimentos e sair inteira, se reerguer.

Já a guerra deu ao homem o receio, a desfaçatez, a inclinação a duplicidade, à capacidade da dissimulação; e a sufocar seus sentimentos, vendo-os como sinal de fraqueza.

Os tantos séculos, ou milênios, de experiências com seus pares, nos campos de batalha, embruteceu o homem. Deixou-o desconfiado: acha que um sorriso da mulher seja um projétil mirado em seu peito, que viver ainda é correr num campo minado, que ter sentimento seja baixar a guarda. Em sua mente, sombras do passado o apavoram, e na trincheira um fantasma ainda se ergue e salta. Pobre homem desconhece que tal era acabou. Já não é mais soldado, e nem vira agricultor.
Não mais faz a guerra nem semeia paz. E seu coração se faz cada dia mais árido.
- O corpo que se arrastou sobre arame farpado, correu sob fogo cruzado e empunhou baionetas; teme os espinhos da mais inocente flor! Triste constatação...
Verdade que as agruras de um campo de combate o forçaram a aprender engolir as lagrimas, ignorar o sentimento de perda ao ver tombar um "irmão", e se possível driblar a morte, ou até enfrenta-la com bravura se preciso. Ali, no calor da batalha, piedade e amor cessavam, quando a derrota implicava no extermínio seu e de seu povo. Mas a guerra acabou. Coexistimos; não em perfeita paz, mas em relativa paz.
Mas moldados que fomos pela guerra temos em nós resquícios da mesma. Esta frieza, esta tendência a sufocar a voz do coração.
Esta velha máxima que diz que homem não chora!
Que apregoa ser imprescindível gritar mais alto, dar o soco mais forte na mesa, e ter a ultima palavra em tudo.
Pobre homem, tão inclinado aos mais primitivos instintos; mas no fundo sabendo que emotiva e sensível, senhora da concepção e da maternidade, a mulher, de suas dores, fez brotar o mais doce e supremo dos comportamentos: o amor ; que se compraz e se completa no mais simples dos agrados: um carinho, ou toque suave, na face que seja, que a faça sonhar!

Kiko dos Santos
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